terça-feira, 21 de agosto de 2012

Artigo: Nada sobre nós sem nós!


Nada sobre nós sem nós!

Chegamos a mais uma semana estadual dos direitos da pessoa com deficiência! Ao longo de meus sessenta anos na escuridão, mas com a alma repleta de luz e esperança em um mundo mais acessível! Por que precisamos de uma semana para comemorar um segmento específico? É simples e ao mesmo tempo, complexo. Um país que se diz democrático discrimina milhões de pessoas e as condena a ausência de direitos iguais por simplesmente serem diferentes!

Não queremos nada a mais, mas apenas que respeitem nossas diferenças! Como fazer isso? Com rampas, bengalas, pisos táteis, Libras, Braile e principalmente, sensibilidade!

O nosso estado nega aos surdos o direito a comunicação quando não oferece Libras! Impede as pessoas com deficiência física de chegarem a diversos espaços com ausência de rampas. Os cegos sem mobilidade perdem autonomia.

O Plano Viver sem Limite e sua versão gaúcha, o RS sem Limite são valiosos instrumentos de avanços, pois envolvem recursos para diferentes áreas através de programas e projetos. Mas sozinhos são insuficientes! Conceitualmente a transversalidade é de fácil compreensão, difícil é exercitá-la. Este é o maior desafio dos órgãos públicos em nosso estado. Não podemos mais tolerar a ineficácia dos órgãos públicos em dialogarem, unirem forças e pensarem lado a lado sobre acessibilidade! É inaceitável que tenhamos apenas uma fundação estadual, sem força política e com recursos limitadíssimos para tratarem de um contingente que supera a marca de 2 milhões de pessoas. Precisamos avançar, como o Brasil assim fez, transformando uma coordenadoria em secretaria nacional e como os estados de SP, AM e PI, criando secretarias estaduais! Não vamos abrir mão da criação de uma secretaria estadual!

Tenho orgulho e vergonha deste estado, pois o mesmo que foi o primeiro a aderir ao Viver sem Limite e a criar um Fundo Estadual, nega o direito a uma jovem cadeirante de ir ao cinema e um surdo de participar de um seminário na dita "Casa do Povo" pela inexistência de um intérprete de Libras!

Vamos dizer basta! E para isto, precisamos tirar da invisibilidade milhões de pessoas marginalizadas pela sociedade! É essencial fortalecer o Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, e, além disso, estimular a participação e protagonismo na decisão de duas próprias escolhas a cada homem e mulher com deficiência destes pagos!

Roberto Luiz Veiga Oliveira
Presidente do Coepede

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